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15% DOS INFARTOS SÃO DESENCADEADOS POR ESTRESSE REPENTINO


Imagine-se no tempo das cavernas. Você está andando em uma floresta tranquilamente, quando se depara com uma onça, que se volta ferozmente para você. Nessas condições, as opções são duas: fugir ou lutar. Agora, pense em todas dificuldades do dia a dia. Como algumas podem ser (ou parecer) uma questão de vida ou morte social, afetiva ou profissional muito semelhantes à primeira situação. Na vida moderna, em que “matamos” um leão por dia, o mecanismo que é disparado em nosso organismo é bem semelhante ao de tempos remotos, afetando o nosso principal motor: o coração.

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Após infarto, educador físico conta como aprendeu a lidar com estresse O estresse é um estado de tensão formado interiormente nos mamíferos diante de situações que ameaçam o nosso equilíbrio. O que não é de todo mal: é ele quem nos impulsiona em muitas ocasiões, além de ter contribuído com a sobrevivência da espécie humana. No entanto, evolutivamente o homem não foi preparado para conviver com o grau de tensão a que somos submetidos diariamente.

“Em situações de estresse, a defesa do organismo faz com que hormônios como a adrenalina e a noradrenalina sejam liberados, causando redução do calibre dos vasos sanguíneos, espasmos das artéria coronárias, aumento da pressão e da frequência cardíaca. São os chamados hormônios do estresse”, explica o doutor Dr. Marcelo Cantarelli, cardiologista coordenador da Campanha Coração Alerta, da SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista). Por que tudo isso se altera? Porque são essas alterações que fazem com que mais sangue chegue aos órgãos e músculos, facilitando uma corrida ou uma atividade de grande intensidade (como uma luta, por exemplo). Nota-se rubor facial, sudorese e a sensação é de ataque cardíaco — é muito comum que o estresse agudo seja confundido com o infarto.

Mas imagine passar por esse processo muitas vezes em um mês, ou em uma semana, ou em um dia. O coração desgasta.”Os hormônios do estresse, também chamados de catecolaminas, são estimuladores da musculatura do coração, fazendo com que ele contraia e relaxe. Quanto mais o coração passa por esse processo, mais esse sistema fica ineficiente. Há risco de o coração crescer, ficar maior e menos eficiente, ou seja, há o risco de desenvolver uma insuficiência cardíaca, por exemplo”, alerta o médico cardiologista Marcelo Sampaio, do Instituto Dante Pazzanese. E não é só em casos de longo prazo. Embora sejam minoritários, cerca de 15% dos infartos são causados por uma situação de estresse repentino e muito forte, desencadeado pelo fechamento das artérias coronarianas.

Prevenção do estresse

O Dr. Sampaio ressalta que combater o estresse é importantíssimo. “Hábitos e estilos de vida saudáveis, além do cultivo de hobbies que relaxem, são fundamentais para blindar as dificuldades a que somos expostos todos os dias.”

O médico também tem um papel importante nesse processo de redução de estresse. Sampaio cita um dito de um monge do século XII que diz que a consulta médica deve durar uma hora: 10 minutos de exame físico e 50 minutos para sondar a alma. “A espiritualidade, as emoções e os comportamentos também devem ser analisados, mesmo que por um médico cardiologista. Pois tudo isso diz muito sobre como o paciente vai enxergar e aceitar o tratamento.”


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