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ESTENOSE AÓRTICA ATINGE QUASE 200 MIL BRASILEIROS IDOSOS

O nome é difícil e pouca gente já ouviu falar dessa enfermidade, mas a estenose aórtica é uma doença cardíaca frequente que acomete 150 mil brasileiros acima dos 75 anos. Ela não é tão divulgada quanto o infarto, mas se não for tratada e diagnosticada a tempo pode levar à morte em poucos meses.

De acordo com o cardiologista intervencionista Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia (SBHCI), a doença caracteriza-se quando a válvula aórtica não consegue controlar o fluxo de sangue do coração por não conseguir abrir completamente. “A válvula é como se fosse uma torneira. Quando o coração contrai, a válvula mitral fecha e a válvula aórtica se abre. Quando o coração relaxa, é o contrário. Essas torneiras abrem e fecham de 80 a 100 vezes por minuto. Devido ao acúmulo de cálcio e fósforo nessa região, a valva torna-se mais rígida, obrigando o coração a trabalhar mais. Esse processo costuma ser lento, por isso aparece em indivíduos com mais de seis décadas de vida”.

Uma valva aórtica saudável se abre completamente para permitir que o sangue flua de maneira normal e se fecha firmemente para interromper o fluxo. Quando ela não abre de maneira adequada e dificulta o fluxo sanguíneo acontece a estenose. O resultado é que a pressão sanguínea naquela região aumenta e a circulação no restante do organismo diminui. Resultado: cansaço, tontura e inchaço em algumas regiões do corpo.

Quando o indivíduo apresenta sintomas como pressão no peito e desmaios, a estenose já está bastante avançada. Em três anos, se não for realizado nenhum procedimento, 80% dos pacientes morrem. O tratamento da estenose não é feito com medicamentos. “A única solução é abrir o peito e trocar a válvula”, explica Queiroga.

O problema é que como a doença afeta mais indivíduos idosos, cerca de 30% dos pacientes não têm condições de operar, pois apresentam outras doenças que podem aumentar o risco da cirurgia. “Para essa parcela não há tratamento, já que a operação está contraindicada. A alternativa terapêutica que o SUS (Sistema único de Saúde) oferece é desobstruir a válvula com um cateter balão, processo chamado de valvuloplastia aórtica. Mas isso é paliativo. Em alguns casos, dentro de três meses, 70% dos pacientes voltam a apresentar o problema. Esse procedimento não muda a história natural da doença”, esclarece Queiroga.

A prevenção, segundo Queiroga, segue as mesmas diretrizes das doenças coronárias, incluindo controlar o colesterol, diabetes, não fumar e praticar atividades físicas regularmente. “Quanto mais você se previne, maior a probabilidade de se ter uma velhice saudável. Ainda assim, a estenose é uma doença das pessoas que vivem muitos anos”.

Alternativa de tratamento

Para este perfil de paciente, a recomendação é realizar a troca da válvula sem abrir o peito. A técnica consiste em fazer uma pequena incisão na virilha, por onde o médico introduz um cateter que carrega uma bioprótese valvar aórtica (TAVI) até o coração. A medida evita aplicação de anestesia geral e os riscos de complicações pós-cirúrgicas são pequenas.

O procedimento está disponível desde 2002 e já foi empregado em países como Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá , Austrália, totalizando cerca de 80 mil operações. No Brasil, a cirurgia já foi reconhecida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e aprovada pela AMB (Associação Médica Brasileira).

Entretanto, ainda não é oferecido pelo SUS, tampouco pela maioria dos planos de saúde, devido ao seu alto, cerca de R$ 45 mil. Na prática, esses pacientes têm que lutar na justiça para ter acesso ao TAVI. “Essas pessoas ficam entregues à própria sorte. A maioria dos planos de saúde não autoriza, principalmente os menores. É uma tecnologia nova, por isso ainda é cara. Mas à medida que é ofertada em escala maior, o custo cai”, afirma Queiroga.

Mesmo com dificuldades, cerca de 700 procedimentos já foram realizados no país desde 2008. “Queremos que esse método se popularize, para que mais pessoas tenham acesso, já que a população brasileira está envelhecendo. Em 2030, teremos 15 milhões de idosos”, diz o presidente do SBHCI.


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